As melhores séries da atualidade

Ultimamente eu tenho assistido somente a séries. Traí o movimento fílmico, eu sei. Mas a “vicialidade” de certos seriados torna impossível a abstinência dos mesmos. O grande diferencial de acompanhar uma série é que, se você gostar muito do primeiro episódio, sabe que terá ao menos mais 12 para assistir (7, no caso de Breaking Bad). A atuação tem que ter mais dedicação, afinal, trata-se de manter um mesmo personagem por, em algumas vezes, 10 anos.

Roteiros tão bem trabalhados, somados de um elenco afiado e uma direção impecável me levaram a criar a minha lista das melhores da atualidade – em breve as melhores de todos os tempos. Em ordem decrescente, confiram as melhores:

10. Person of Interest – Uma das maiores surpresas do ano, eu já ansiava por sua estreia, baseando-se apenas no elenco. Criada por Jonathan Nolan, brother de Chris Nolan, e protagonizada por Michael Emerson (Benjamin Linus, Lost) e Jim Caviezel (Jesus, A Paixão de Cristo), a série narra a história de Harold Finch, um gênio bilionário que criou uma máquina capaz de antever crimes. Depois de ter seu projeto rejeitado pelo governo americano, ele decidiu agir por conta própria. Porém, por possuir (ainda inexplicadas) limitações físicas, ele precisa de ajuda. Entra John Reese, um ex-agente da CIA, que abandonou a agência e agora é procurado pela mesma. Até o 12º episódio, se eu não me engano, a série aparentava ser mais uma procedural – a de casos da semana. Ledo engano. Uma ótima trama se desenvolve linearmente enquanto os tais casos de semana acontecem.

9. Homeland24 horas acabou, que pena, todos os fãs ficam tristes. Alto lá! Temos Homeland. Uma série que quiçá supera 24 horas. Porque, convenhamos, por mais foda que fosse Jack Bauer, uma série cujo plano terrorista inteiro era desfeito em 24 horas era meio forçada. Uma trama que vai sendo construída e revelada gradativamente tem um crédito maior. Homeland é centrada na história de um prisioneiro de guerra (Damian Lewis, Band of Brothers) que após 8 anos mantido em cativeiro é resgatado numa operação. Ele retorna aos EUA como herói, e uma oportuna brecha do governo americano para justificar a guerra no Iraque e Afeganistão. Porém, uma paranóica agente da CIA desconfia que o soldado mudou de lado. Agora ela precisará provar isso. Melhor que 24 horas. PRONTO FALEI!

8. The Walking Dead – A série começa com uma conversa entre os dois amigos e colegas policiais Rick Grimes e Shane Walsh. Resumindo: Rick é baleado e entra em coma. Quando acorda, o hospital está vazio e descobre que zumbis dominaram a região. Nunca fui fã de nenhum filme sobre os já enjoativos zumbis. Madrugada dos Mortos e afins passavam longe dos meus olhos. Então por que assistir uma série onde o foco são os próprios? Simplesmente pelo sucesso dela. Sim, fui atrás da maioria. E não me arrependi. Engana-se quem pensa que The Walking Dead é sobre os humanos fugindo dos zumbis. Na verdade é, mas não somente. Conflitos pessoais, viradas de mesa espetaculares, arcos dramáticos executados com perfeição. Talvez o único ponto negativo são as atuações que não chegam a ser negativas, mas deixam a desejar um pouco.

7. Sherlock – Aqui está uma incógnita que eu mesmo me questiono. Por que não está mais bem colocada? Talvez seja a quantidade de material. Pois a qualidade se equipara às melhores. Para quem já se acostumou agora a ter a imagem de Robert Downey Jr. na cabeça quando se fala de Sherlock Holmes, a série quebra esse parâmetro e ainda vai além. Moderniza a história, porém de uma forma que não afeta sua essência principal. O detetive egomaníaco que não admite, mas depende muito de seu parceiro conivente com as loucuras. Sem falar na química afiada de Benedict Cumberbatch e Martin Freeman, como Sherlock e Watson, respectivamente. Digo sem entregar nada: até agora estou tentando decifrar o final da segunda temporada. Quem assistiu sabe muito bem do que estou falando.

6. The Mentalist – Patrick Jane levava com um vidente charlatão. Até irritar o serial killer Red John, que decide assassinar filha e mulher de Jane. Agora para encontrar seu algoz, Jane entra para a equipe de investigação da CBI e emprestar sua inteligência para solucionar crimes. Uma série que, admito, está aqui melhor posicionada que algumas somente pelo fato de eu ser fissurado em Patrick Jane. Seu sorriso canastrão, o jeito completamente peculiar de resolver casos de assassinato e a completa fuga do cotidiano marcam esse interessante personagem. E The Mentalist, ainda que seja procedural, tem um fundo dramático fortíssimo. Não só com Patrick e seu rival Red John (ainda farei um post sobre uma teoria louca que inventaram), mas também com a paixão platônica entre Rigsby e Van Pelt (que nesse último ano deu uma reviravolta, já que é ela que está sofrendo por ele); o avanço de Cho ao mostrar que sim, ele tem sentimentos! Sem falar na ótima dualidade proposta sobre Lisbon, ora mostrando a dificuldade dela em lidar com as constantes peripécias de Jane, ora revelando o seu conflitante lado pessoal.

5. Boardwalk Empire – Quem vê minha lista dos melhores filmes já percebe: O cara aqui é fissurado na Máfia. Não me prolongo em explicar o porquê, isso é assunto para ter um post dedicado. Então podem imaginar a felicidade da criança ao receber a notícia de que mais uma série mafiosa seria produzida. E por quem? Pela fucking HBO! Em Boardwalk Empire, Steve Buscemi interpreta Enoch “Nucky” Thompson, o poderoso tesoureiro de Atlantic City que se esconde atrás de seu posto político para acobertar sua verdadeira “profissão”: um temido gângster que vê na recém imposta Lei Seca a chance de enriquecer mais ainda. É, ele não é italiano, porém trabalha juntamente à família de Chicago, chefiada por Johnny Torrio e que tem como soldado o então jovem Al Capone. Inclusive, essa mescla de personagens reais e fictícios dão uma ótima veracidade à série. Porém, pra mim, o ponto máximo da série é a fantástica atuação de Steve Buscemi, que finalmente foi dado o devido teor dramático, depois de passar um tempão compondo o grupo de apoio aos filmes de Adam Sandler. Pra quem já via visto um traço da atuação de Buscemi em Fargo e Cães de Aluguel, a série nos dá a prova final. Sem falar no elenco de apoio, mas não ficarei aqui citando um por um. O figurino e a direção de arte também merecem todos os prêmios possíveis. Basta dizer que a série é fantástica, com o selo de qualidade HBO.

4. Dexter – Dexter! Oh Dexter, que doce surpresa me proporcionastes. Plote: Um serial killer desprovido de qualquer emoção, que mata apenas aqueles que merecem. Por trás dessa personalidade sanguinária dele, ele “interpreta” um carismático analista de sangue da polícia de Miami. O próprio Dexter narra o episódio revelando, assim, os pensamentos sombrios que ele possui toda hora. Como é uma série que já se encaminha para a sétima temporada, me aterei à primeira, quando os personagens principais e secundários são apresentados. O já lendário “Ice Truck Killer” é o vilão da primeira temporada. Uma escolha fenomenal, ainda mais quando somada à revelação final. Um breve comentário sobre a evolução do seriado passando pelas temporadas: a proposta inicial de Dexter seria de um personagem desprovido de emoções e ele mesmo afirma isso inúmeras vezes. Porém, esporadicamente vemos uma leve demonstração de afeto, especialmente com a Debra e mais explicitamente ainda com seu filho. Dexter está entre as melhores da atualidade por justamente e quase que exclusivamente ter essa história completamente original (é baseada num livro, mas a série tem suas originalidades essenciais). O único ponto negativo? A Debra, intepretada por Jennifer Carpenter (a guria possuída de O Exorcismo de Emily Rose). Mas isso é pura implicância, nunca fui com a cara dela.

3. Breaking Bad – Walter White é um professor de química certinho que leva uma vida normal com a mulher e seu filho. Tudo muda quando ele descobre que tem câncer terminal. Com medo de que sua família viva na miséria quando ele morrer, o professor começa a produzir metanfetamina. E começa assim o seriado. A última vez em que entrei de cabeça tão ferozmente foi com Lost. Minha sorte é que comecei a assistir Breaking Bad quando a mesma já se encaminha para a 5ª temporada. Ou seja, assisti as temporadas em sequência e, dessa forma, pude captar a essência da série. Breaking Bad era daqueles seriados que eu ouvia falar, ouvia os elogios, mas por uma razão desconhecida, nunca assisti. Uma das melhores séries da atualidade estava ali, aguardando que o cabeça-dura aqui cedesse 46 minutos do seu tempo para assisti-la. Dentre todas as fortes qualidades da série, destaco uma: a escolha do elenco. Com exceção de Band of Brothers e The Sopranos, nunca houve uma escolha tão bem realizada de atores. Claro, Bryan Cranston (intérprete do personagem principal, Walter White) está no topo. Ele sabe nivelar bem as duas polaridades – criminoso e pai de família – de seu personagem e, principalmente, sabe dar espaço aos outros personagens de modo que a série não vire um House. Outro ponto extremamente visível logo no primeiro episódio é o roteiro que foge do clichê. Nada de historinhas que seguem fielmente a “maneira certa” de narrar uma história. Utilizando a técnica de revelar o final do episódio no início do próprio, o diretor/criador/roteirista Vince Gilligan prepara o terreno e cabeça do público para o que virá a seguir. Aaron Paul (Jesse Pinkman, parceiro de Walt) e RJ Mitte (Walter Junior) são os outros dois grandes atores que dão consistência à série. Minha implicância da vez: Anna Gunn (Skyler, mulher de Walt) não me convence com suas atuações forçadas. Fora isso, como se diria aqui no RS, que baita seriado, tchê!

2. Game of Thrones – Falar sobre o plote de Game of Thrones é bem difícil. Essa já é a primeira qualidade do seriado: ter uma história tão complexa e bem montada que fica difícil resumi-la em linhas. A série se passa em Westeros, uma terra reminiscente da Europa Medieval, onde as estações duram por anos ou até mesmo décadas A história gira em torno de uma batalha entre os Sete Reinos, onde duas famílias dominantes estão lutando pelo controle do Trono de Ferro, cuja posse assegura a sobrevivência durante o inverno de 40 anos que está por vir. Julgando pela primeira temporada, Game of Thrones seria a melhor série da atualidade. Porém, a segunda – e irregular – temporada desceu a série para o segundo lugar. Nada que tire o brilho desse grandioso épico. Falei que a season 2 foi irregular, não ruim. Irregular quando comparada à perfeição da primeira. Mesmo assim, Game of Thrones voltou esse ano ainda abrindo bocas aos finais dos episódios. Toda a mistificação que já ronda o seriado, se deve a habitual dedicação da HBO em realizar um trabalho o mais próximo possível da perfeição. Logo no primeiro episódio, vemos um cenário incrivelmente fiel ao livro, com uma enorme precisão nos detalhes, seja nos figurinos ou nos tons fracos. O elenco tem uma atuação regular; não compromete, não acrescenta. A exceção, obviamente, fica com Peter Dinklage, intérprete do anão Tyrion Lannister. Não só pela sua magnífica atuação, mas pela evolução do personagem dentro da série. Ele começa sendo apenas um dos herdeiros da poderosa família Lannister que, por ser um anão, é desprezado pelo pai. Entretanto, possui todas as vantagens de pertencer à nobreza e, no início, gasta o tempo em bebedeiras e prostitutas. No final da segunda temporada ele já estará liderando um exército…

1. Mad Men – Sou só eu, ou depois de assistir Mad Men dá uma vontade enorme de tomar whisky? Brincadeiras à parte, tentarei aqui exaltar todas as qualidades da série mais elegante da TV – e arrisco a dizer de todos os tempos. Resumindo seria assim: tudo é positivo. Atuações, montagem, figurino, fotografia, roteiro, TUDO. Aquela elegância clássica dos anos 60 é transposta fielmente na série. Quem assiste se sente realmente na época de ouro dos EUA. Também é interessante presenciar o enorme crescimento das empresas de publicidade da época, acompanhando o dia-a-dia da Sterling Cooper (futura Sterling Cooper Draper Pryce), empresa em que trabalha Donald Draper, o personagem principal – um dos melhores personagens principais, diga-se. Don Draper mereceria um post completo aqui, tamanha é a complexidade do personagem. De início parece um mulherengo beberrão e gênio da publicidade; noutra hora nós vemos um pai de família e gênio da publicidade. Não gosto de comentar muito sobre o restante do elenco, mas aqui vale uma exceção. Roger Sterling (John Slattery dando aula), depois de Don, é o personagem mais divertido e interessante da série. Suas tiradas malandras, à la Tony Stark, sempre dão uma quebrada no cotidiano relativamente sério dos personagens. Uma série que não pára de surpreender seus fãs e que, com certeza, é a melhor da atualidade!

Sim, eu sei que terão trocentas séries que não apareceram aqui. Mas assistir 10 séries ao mesmo tempo já não basta?